terça-feira, 16 de março de 2010

Agora quem dá bola é...

Falar de futebol é a coisa mais fácil do mundo, até mesmo para os que não entendem muito. Eu sempre digo: Jogo é jogo, clássico é clássico! Em um clássico tudo pode acontecer. Independente da situação da equipes em um campeonato, quando se joga um grande clássico, os jogadores se desdobram dentro de campo. Ninguém quer perder para um rival. Falando especificamente do futebol paulista, perder um clássico é algo inaceitável, e dependendo do time que perder, é crise na certa. Para um jogador de futebol, jogar um clássico pode ser a consagração ou um desastre na carreira. Imagino a sensação que deve ser quando chegar no estádio, ao pisar no campo para jogar um Palmeiras x Corinthians, Santos x São Paulo, Corinthians x Santos, São Paulo x Palmeiras. Deve ser uma coisa louca, uma sensação indescritível. As pernas devem tremer, o coração acelerar, dar um baita frio na espinha... tudo ao mesmo tempo. (risos) Mesmo para os mais experientes, não deve ser tão diferente. È claro que esses conseguem administrar melhor essa situação, e após a bola rolar, conseguem se soltar aos poucos e desenvolver seu melhor futebol. Pode-se dizer que falar de futebol é até prazeroso. Aquela discussão na mesa do bar com os amigos. Qual é o melhor time, que jogador joga mais, se foi pênalti, se merecia ser expulso... Podemos passar horas falando de futebol. Todo esse contexto é para falar de um jogo, que pra mim, foi um dos melhores que já vi.
No último final de semana, dia 14/03/2010,
estádio da Vila Belmiro, jogaram Santos x Palmeiras.
Um jogo emocionante do começo ao fim. O Palmeiras vinha com a missão de ganhar a qualquer custo para ainda ter chances de classificação no campeonato Paulista. O momento do time não era dos melhores. Já o time do Santos era o time do momento. Futebol vistoso, alegre...bonito de ser ver. Com um jogo rápido e de muita habilidade, o time do Santos envolveu o time do Palmeiras já nos primeiros minutos de jogo.Robinho, Neymar, Paulo Henrique Ganso e Cia, envolviam o time do Palmeiras com o futebol moleque (principal característica da equipe santista). E não demorou muito para sair o primeiro gol. Após um erro grotesco do volante Pierre na saída de bola, Robinho desce pelo meio, abre na ponta para o lateral Pará, que com muita categoria corta o lateral Eduardo e encobre o goleiro Marcos. Golaço! Com a vantagem no placar, a equipe santista começou a apertar o time do Palmeiras, virando o jogo e tocando a bola com rapidez. O time do Palmeiras estava perdido em campo. Errava muitos passes e não conseguia sair para o jogo. Com isso a equipe santista se aproveitou da situação e ampliou a vantagem. Paulo Henrique Ganso dá lindo toque no meio da defesa palmeirense e encontra Neymar, livre, que domina com facilidade e toca por cima na saída do goleiro Marcos. 2 x 0. Logo após tomar o segundo gol, pensei: Agora não dá mais! Isso porque estava assistindo um futebol burocrático por parte do Palmeiras, e o time do Santos brincando em campo. Foi então que uma cena me chamou a atenção.Na comemoração do segundo gol, os jogadores do Santos dançavam, pulavam e rebolavam no campo.
 
Já haviam dançando no primeiro gol(comemorar um gol faz parte. É o momento de alegria, por isso não posso recriminar os jogadores), mas foi a partir desse momento que senti que a vibração da equipe palmeirense dentro de campo havia mudado. O toque de bola começou a sair, e a garra começou a superar a técnica. O jogo se encaminhava para o intervalo quando o meia Diego Souza sofreu falta próxima a linha de fundo. O meia Clayton Xavier cobra para o dentro da área e encontra Robert livre de marcação que sobe sozinho e cabeceia para o fundo da redes, diminuindo o placar. 2 x 1. Não houve muita comemoração. O zagueiro Léo apanha a bola dentro do gol e corre para o meio de campo, enquanto Robert vibra com a torcida. Foi então que a partida tomou outro rumo. Um minuto depois, a zaga do Palmeira rifa a bola, o meia Diego Souza domina no peito, dá um lindo toque de calcanhar para a passagem do lateral Armero (o personagem do jogo) que chega cruzando e Robert bate de primeira no contrapé do goleiro Felipe. É gol, e que golaço! O Palmeiras chega ao empate com a equipe santista, mas por incrível que pareça, o que mais marcou o primeiro tempo não foi o empate do Palmeiras, mas sim a comemoração dos jogadores palmeirenses. Engasgados com a dança dos santistas, o jogadores palmeirenses resolveram pagar com a mesma moeda e dançaram de frente para a torcida santista. Até então, tudo normal. Mas foi um jogador do Palmeiras que roubou a cena... Pablo Armero. Empolgado com o gol, o lateral palmeirense fez uma coreografia muito louca. Misturou um pouco de candomblé, axé, rebolation...parecia que estava possuído. (risos 10x). Posso dizer que foi a comemoração mais hilária que já vi um jogador de futebol fazer. Entenderam porque ele foi o personagem do jogo? (risos)
Voltando à partida, posso dizer que o segundo tempo foi um jogaço. Como já disse anteriormente, um dos melhores que já vi. O Palmeiras voltou para campo mais centrado, tocando bem a bola e aproveitando os contra-ataques. O Santos procurava atacar, mas já não tinha mais tanto espaço. E foi aproveitando a queda de rendimento da equipe santista que o Palmeiras virou a partida. Em jogada ensaiada em cobrança de falta, Clayton cobra para dentro da área, o zagueiro Léo escora de cabeça e a zaga do Santos tenta cortar. A bola bate na trave e volta para Diego Souza, que livre de marcação, faz o terceiro do verdão. E dá-lhe dancinha na comemoração.
A partir daí o jogo ficou totalmente eletrizante. O Santos procurava pressionar, e o Palmeiras saia com bom posse de bola. Jogaço! Os técnicos começaram a trabalhar, e fizeram as substituições que acharam ideais. No Santos entraram Maranhão, Zé Eduardo e Madson. No Palmeiras, Márcio Araújo, Ivo e Lincoln. As substituições não alteraram o ritmo da partida. De tanto pressionar, o Santos chegou ao gol de empate. E mais uma bela bola enfiada por Ganso, Madson recebe e toca na saída e Marcos. Dessa vez, ouve provocação. Madson fica de quatro e imita um porco. A partida estava empatada novamente. 3 x 3. A equipe santista queria aproveitar a pressão e virar o jogo, mas em um lance totalmente infeliz, Neymar dá uma forte entrada por trás em Pierre. Não teve conversa, cartão vermelho. Com isso o Palmeiras conseguiu se soltar mais em campo, e em uma roubada de bola no meio de campo, Lincoln tira a bola de Arouca, que sobra para Robert. O Atacante arrisca de longe e acerta o ângulo do goleiro Felipe. Golaçooooo. O Palmeiras estava de novo na frente. 4 x 3. Na saída de bola o Santos quase chega ao empate novamente. Robinho sai costurando pelo meio, toca para Madson que driblou o zagueiro Léo e sofreu falta. Lembra da comemoração do porco? Aqui se faz aqui se paga! (risos). Na cobrança de falta, Marcos defende, a bola bate e rebate e o juiz termina a partida. Vitória do Palmeiras! 4 x 3.
Fiz uma pequena narrativa de como foi o jogo, mas minha intenção era poder mostrar nesse texto a emoção que essa partida teve. Ver um Robinho e Neymar indo pra cima dos jogadores, pedalando, gingando com dribles disconsertantes. (Se bem que esses dois ficaram devendo, principalmente o Robinho). Ver a técnica com que joga o Ganso. Na minha opinião, é o melhor do time. Joga muito. Cracaço! No Palmeiras ver o nosso goleiro Marcão fechando o gol, o Pierre com sua garra no meio de campo, e o Diego Souza indo pra cima da zaga com técnica e força física. Foi um jogo digno dos grandes jogos de Palmeiras x Santos dos anos 50, 60 e 70. Já li e ouvi em muitos programas de esporte que o time do Palmeiras era a única equipe que conseguia bater o histórico Santos de Pelé. Nessa semana muitos meios de comunicação relembraram de um jogo de 1958, quando Palmeiras e Santos fizeram um jogo que marcou a história com a morte de 5 torcedores de ataque cardíaco. O jogo terminou 7 x 6 para o Santos, mas dizem que foi, talvez, o melhor jogo entre as duas equipes. Futebol é tudo de bom. As pessoas precisam aprender a torcer e respeitar a escolhe de cada um. Brigar na leva a nada, ainda mais por futebol. È claro que sempre haverá aquela provocação com a derrota de seu time, ou com a conquista de título do meu. Mas que fique só na provocação, afinal...
Quem dança por último, dança melhor!



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